amo janeiro, a cidade desocupada, as ruas vazias, o
silêncio... é comum iniciar um livro em janeiro, ou revisar poemas antigos
inacabados, como quem reencontra o amor mais lindo em uma esquina da memória -
engavetado - beber a beleza cristalina de olhos grandes, sorriso
inacreditável... poemas são amados aos quais a gente volta e fica feliz, como
quem recupera um encanto por belezas nunca propaladas... janeiro é incrível, é
como se fosse concedido a quem escreve a hora ideal, aquela parada para
recomeçar...
entre ossos e catedrais
na relva da casa clara
vento evaporado - ópio metafísico
bailava narinas da menina
na relva da casa clara
cheiro da grama cauterizava
primeiros rasgos da alma virgem
hoje o escuro vento obscuro
arrasta-me ao inferno
entre ossos e catedrais
Bárbara Lia
Nenhum comentário:
Postar um comentário