sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Guilherme Gontijo Flores

Juiz: Qual é a sua profissão?

Brodsky: Escrevo poemas. Faço traduções. Suponho...

J.: Guarde as suposições para o senhor! Porte-se de modo adequado! Não fique em cima do muro! Olhe para o tribunal! Responda de modo conveniente a uma corte! (para mim) Para imediatamente de fazer notas, ou expulsarei a senhora daqui! (Para Brodsky). O senhor tem um trabalho regular?

B.: Eu pensei que se tratasse de um trabalho regular.

J.: Responda a questão!

B.: Escrevo poemas. Pensava que seriam publicados. Suponho...

J.: Não nos interessam as suas suposições. Responda à questão: por que o senhor não trabalhava?

B.: Eu trabalhava. Escrevia poemas.
[...]

J.: De modo geral, qual é a sua especialidade?

B.: Eu sou poeta. Poeta-tradutor.

J.: Quem decidiu que o senhor era poeta? Quem o classificou entre os poetas?

B.: Ninguém. (Sem qualquer desafio) E quem me classificou no gênero humano?

J.: E o senhor estudou com tal objetivo?

B.: Qual objetivo?

J.: De se tornar poeta. Não tentou fazer os estudos superiores para se preparar... para aprender...


B.: Eu não pensava que seria possível aprender isso.

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