quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

ANTIBUDISMO


Que me perdoem
os de bem com a vida
mas para fazer poesia
a dor é fundamental...
É fundamental
uma dor de corno,
uma ressaca brava,
uma angústia kierkegaardiana,
uma vontade súbita de se atirar no mar...
Só a dor transfigura
o asco, o travo, o amargo da boca
em pétala, em cântico, em salmodias...
Se tudo é dor,
e toda a dor vem do desejo,
eu quero todo o desejo que existir neste mundo.

Otto Leopoldo Winck

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