domingo, 21 de junho de 2015

veracidade
por quê trancar as portas
tentar proibir as entradas
se eu já habito os teus cinco sentidos
e as janelas estão escancaradas?

um beija flor risca no espaço
algumas letras de um alfabeto grego
signo de comunicação indecifrável
eu tenho fome de terra
e este asfalto sob a sola dos meus pés:
agulha nos meus dedos

quando piso na Augusta
o poema dá um tapa na cara da Paulista
flutuar na zona do perigo
entre o real e o imaginário:
João Guimarães Rosa Martins Fontes Caio Prado
um bacanal de ruas tortas

eu não sou flor que se cheire
nem mofo de língua morta
o correto deixei na cacomanga
matagal onde nasci

com os seus dentes de concreto
São Paulo é quem me devora
e selvagem devolvo a dentada
na carne da rua aurora

Artur Gomes SampleAndo

http://artur-gomes.blogspot.com/

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