Nada é autêntico nesse cenário; nem o
cabelo da mulher, nem a moda da mulher, nem a música da dupla, nem a guitarra
do cara, nem o café boêmio, com a festa de criança; nem a fome do mendigo,
sequer, é autêntica, porque não fome, do Nordeste, do Jornal Nacional, dos anos
90, mas possivelmente por um viciado em crack traficado de Palotina; nem a pena
do mendigo, porque você se envergonha dela, e não devia, porque é natural não
tê-la; nem o Baudelaire traduzido, nem o século XIX, nem mesmo a Curitiba do
século XX é autêntica depois do sertanejo universitário, e nem a modernidade
curitibana, uma vez que ela é mais autêntica onde há menos gordura em toda a
parte, deixando ela menos autêntica. Por isso, a melhor ideia do mundo é
abraçar a imensa, deliciosa, rocambolesca falta de autenticidade e descrevê-la
da melhor forma que puder. Sílvio Santos vale, no século XXI, por mil
Baudelaires.
Sérgio L Tavares Filho
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