Quando eu morava no interior
Numa casa no meio da floresta
Não faltava a esperança de um amor
Pois toda a manhã parecia uma festa
Por causa do poço no quintal
Toda a hora surgia uma menina
Querendo água num jarro especial
Com um sorriso leve de bailarina
Dançando pelo espaço sideral
Porém um dia secou o poço
E toda a minha esperança de moço
Passou a só se acender num cigarro
Mas, logo, ganhei um filtro de barro
Com um desenho de santo estampado
Aquela divina e mágica gravura
Era sinal que o filtro foi abençoado
Por uma celestial figura!
Quando eu abria a tampa de cima
Navegava entre as duas velas
Viajando numa lagoa fina
Nas águas mais singelas
Filtro de barro, você foi meu melhor amigo
Porque fez parte da minha infância
Protegendo-me do inimigo
Tirando toda a ganância!
Para beber de sua água, não apareceu nenhuma menina
Mas, você fez da minha solidão uma ponte para a paz
Transformando a água do rio na fonte mais fina
Iluminando o céu calmo, misterioso e lilás.
Luciana do Rocio Mallon
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