domingo, 19 de julho de 2015

A gentileza de um pedaço de pano sujo



A gentileza de um pedaço de pano sujo
insulto à gentil donzela burguesa
no sorriso preto de carne podre,
a lembrança de um fragmento,
alimentos dos esgotos
fragrância de catacumba.
Da feiúra agressão constante, trôpega
lembrança do quão humano é a treva,

o abismo.

Contando moedas no Scheol, acumulando pedras na
sepultura
barata Samsa visita o túmulo onde o espectro levanta a

lama pegajosa do lamento,
pasmaplacenta da sua história
limbo bolorento de um ser,
mais do que uma baça lembrança
morto para os vivos e vivo para a casca crocante da
barata.

Wilson Roberto Nogueira

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