Para isso vim...
Não, não foi para isso que cheguei.
Vim para dar-te o pássaro, inédito de voos,
que há em mim.
Vim para secar o pranto
desse alguém que não és, mas que sonhei.
Vim para ver-te como queria que fosses
– tão indizível em mim. Tão indizível!
Vim para o refúgio da noite
e o doloroso presságio das manhãs.
Vim – campo, rosa, nuvem, pedra,
rio adormecido, luz.
Para isso vim e perdi-me.
LEMOS, Lara de
"Poema". In: Amálgama; prefácios
de Gilberto Mendonça Teles e Guilhermino Cesar. Porto Alegre: Globo &
Instituto Estadual do Livro, 1974. Coleção Sagitário. p. 3.
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