Nos anos cinquenta, Laura estudava num colégio inteiro de
freiras em Curitiba. Ela gostava de todas as irmãs da escola. Porém a
professora que mais lhe chamava a atenção era a irmã Claudina, mais conhecida
como Freira das Chaves. Pois, ela carregava um molho de chaves na cintura e
dava aulas de Geografia. Afinal, todos os recintos daquele lugar eram
trancados: biblioteca, enfermaria, cozinha, alojamentos e, principalmente, o
porão misterioso. Sempre quando alguém precisava ir a algum lugar, tinha que
pedir para a Irmã Claudina abrir o local com as suas barulhentas chaves.
Naquele colégio, surgiu a lenda de que o porão levava para
outro mundo, boato que atiçava a imaginação de Laura. Uma certa noite, esta
menina esperou todas as freiras dormirem. Então ela pulou a janela do quarto da
Irmã Claudina e roubou seu molho de chaves, enquanto ela roncava. Assim a
garota foi até o porão e experimentando chave por chave conseguiu abri-lo.
Porém quando entrou neste local, a porta se trancou sozinha e ela entrou numa espécie
de transe. Logo, começou a sentir calor e a escutar gemidos de dor. De repente,
um esqueleto encapuzado aproximou-se da pequena e disse-lhe:
- Bem vinda ao Inferno!
Laura fechou os olhos e começou a orar.
Após algum tempo, ela abriu os olhos e viu que estava em sua
cama.
No dia seguinte, a Irmã Claudina aproximou-se com o seu
molho de chaves na cintura e disse-lhe:
- Quem rouba o molho de chaves do colégio pode acabar no
Inferno.
Os anos se passaram, Irmã Claudina faleceu de pneumonia e
aquela escola foi abandonada.
Mas os vizinhos dizem que até hoje conseguem ver uma freira
com um molho de chaves na cintura, fazendo um barulho típico.
Um certo dia Vivi, uma garota da região, estava brincando de
esconde-esconde naquele bairro. Deste jeito, resolveu se esconder dentro do
colégio abandonado. Porém ao entrar numa sala de aula vazia, do andar mais
alto, notou que a porta se trancou sozinha. Assim a pequena começou a rezar. De
repente, apareceu uma freira que disse:
- Sou Irmã Claudina, a Freira das Chaves, moro aqui há mais
de cem anos e tenho a chave que abre esta sala.
Após estas palavras, esta senhora abriu a sala de aula.
Porém quando Vivi olhou para trás com a intenção de agradecer, a mulher
desapareceu.
Ao voltar para suas amiguinhas, através de conversas, Vivi
descobriu que a pessoa que lhe ajudou foi o fantasma da Freira das Chaves.
Reza a lenda que toda a irmã de caridade, que carrega molho
de chaves de colégio interno, ou, convento tem a alma com a missão de proteger
estes lugares mesmo depois de sua morte.
Luciana do Rocio Mallon
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