...Tua graça caminha
pela casa.
Moves-te blindada em
abstrações. Como um T. Trazes
A cabeça enterrada
nos ombros qual escura
Rosa sem haste. És
tão profundamente
Que irrelevas as
coisas mesmo de pensamento.
A cadeira é cadeira e
o quadro é quadro
Porque te participam.
Fora, o jardim
Modesto como tu,
murcha em antúrios
A tua ausência. As
folhas te outonam, a grama te
Quer. És vegetal,
amiga...
Amiga! Direi baixo
teu nome
Não ao rádio ou ao
espelho, mas à porta
Que te emoldura
fatigada, e ao
Corredor que para
Para te andar adunca,
inutilmente
Rápida. Vazia a casa
Raios, no entanto,
desse olhar sobejo
Oblíquos cristalizam
tua ausência.
Vejo-te em cada
prisma, refletindo
Diagonalmente a
múltipla esperança
E te amo, e te
venero, e te idolatro
Numa perplexidade de
criança.
Vinicius de Moraes
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