Praticamente no mundo todo, os campos de futebol variam de
comprimento e largura, mas todos são planos. Isto é uma verdade, menos para o
nosso campo do "Gamelão" em Pirai do Sul.
Não sei se vocês todos sabem, principalmente os mais jovens,
o que é uma gamela, qual seu formato e para que serve (já vi cada uso, que é
melhor não comentar!). Se não sabe, não nasceu em nossa terra e recomendo que
não morra sem saber.
A grande vantagem era que quase não se cobrava lateral, pois
seu formato em arco fazia com que a bola tivesse dificuldade para sair de
campo. Era um jogo muito mais intenso do que os de hoje no campeonato europeu.
Muitas vezes os passes já levavam em conta esta característica e grandes
jogadas nasceram dos pés dos mais habilidosos.
Meu pai Lauro Volco, adorava futebol e queria que meu irmão
Tercis e eu,
fôssemos ótimos jogadores. Era seu sonho. Tínhamos todos os
acessórios: chuteira, calção, camiseta, joelheira, meia e o que era mais
importante: a bola. Não era uma bola qualquer: era de capotão legítimo.
A bola era a nossa garantia para jogar, pois tirava par ou
ímpar com meu
irmão e escolhíamos os melhores jogadores, pela ordem de
suas habilidades futebolísticas e amizade, até completar os dois times. Quem
ganhava, continuava e quem perdia, esperava a vez. Se não fosse assim, nunca
jogaríamos, pois éramos péssimos jogadores, sem nenhuma habilidade nos pés e
pernas. Só éramos selecionados quando não tinha mais crianças para escolher.
Jogamos muitas partidas, mas nosso pai nunca teve o gostinho de ver seus filhos
brilharem neste esporte.
Restaram as saudades do nosso campo do Gamelão, o único do
mundo neste formato! Nosso orgulho!
(Lauro Volaco)
COLETÂNEA DE CRÔNICAS E POEMAS "PIRAÍ DE ANTIGAMENTE"
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