Ahhhh, eu não resisto, cada vez que encontro uma perdida, na
rua, com a maior delicadeza abro um espaço no meu bolso ou na minha bolsa e é
pra lá que vai meu pequeno tesouro. Claro, junto moedas de rua também... e não
são poucas. Hoje, o dia ainda dorme e eu com mil coisas para fazer, encontrei
uma e outra entre meus guardados e arrumações.Somente então, súbita
constatação, me deparei com indelicadeza maior, enorme, do tamanho do mundo:
não sei seu nome em português. Para quem me conhece, sabe que sou escritora e
ministro uma oficina palavreira há muito tempo. Então, a culpa é maior, como
deixei escapar o nome deste anel das ruas, desta estrela do chão, deste desenho
de aço? Em espanhol seu nome é "tuerca" (meu irmão Carlos Alberto
Valdivia Galvez tem um quarto cheio delas e certamente quando vejo uma, na rua,
recolho "tuercas" e saudade)
Alguém me falou que seu nome é porca. Não, não acreditei
nisso. Porca é a mulher do porco. Alguém sabe seu nome verdadeiro? As coisas
precisam ter nome para existir e eu não quero terminar o dia com esta dívida.
Bom dia meus queridos leitores, amigos daqui e de lá, que
sempre ampliam meu vocabulário e minhas metáforas, em diferentes línguas.
Gloria Kirinus
Um comentário:
Bom dia, na luz da cosciência cósmica emanada pela boa literatura. Nossa família sempre chamou simplesmente de "trocados" as moedas guardadas. A porca deve se referir ao "porquinho", imagem tradicional pela qual se moldam os cofrinhos de crianças, ou mesmo adultos.
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