A máquina do corpo,
resumida nos sentidos,
dissolve a tempestade
num cheiro de chuva:
recorda-me, qual
súbita visagem
(sutilmente engastada
no tempo presente),
a dor de ser
sem ter
sido.
Nada
(nem cheiro
nem tempestade),
mesmo que reviva,
num segundo abençoado,
a sensação de uma
outra vida (frágil
como a própria
infância, dor secreta do poema),
pode, fugaz, dar-me a
garantia de ter vivido.
Eduardo Sterzi
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