Bárbara Lia
Personagens dos meus romances inéditos tramam uma rebelião.
Cansaram de ficar na gaveta. Sem ar, sem outros olhos a vasculhar suas almas e
cenas. Estas meninas de nomes leves com vidas duras e pesadas. Aurora, Diana,
Brisa, Beatriz... Presas dentro de narrativas, caminhos que passam pela noite,
sempre. A noite é meu signo, e a solidão a casa onde hospedo esta gente. Quando
termino um livro e coloco um final feliz, depois eu volto e desmonto o cenário.
Tiro o amor do amor, alguém morre, alguém viaja, alguém desaparece... Acho
piegas final feliz qual daqueles livros - Sabrina - Julia. Aqueles livros onde
a mulher só existe para encontrar alguém. Como se não fosse um ser inteiro,
como se fosse inferior e incompleta, sem o adendo - marido, homem, cavaleiro de
armadura dourada ao lado. A mulher inteira é meu canto, só sei escrever
interiores de pedra, mas, ao lado, sempre a leveza de flor que rompe - em vida
- o árido. Uma mente liberta sabe que é possível ser livre e ser banhada na
ternura quando está ao lado daquele. Aquele, o outro, o belo, o que remexe as
estrias da alma. Aquele que embala em suave tecido o ser inteiro, quando os
olhos cerram e a memória recupera, o não-príncipe, o não-dono, o outro...
Talhado para cruzar – ao seu lado - pântanos e nuvens... O homem-poema.
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