domingo, 12 de abril de 2015

Notas para viver no fim do mundo


contemplar está no templo
o ar no amargo
a ilha é o lugar
mais perto ?
a hora mais amarga
é a f lt ? de memóri ?
ou o que morre lentamente
lembrando o imenso
+++
o direito de sonhar
pós morte. a cabeça baixa
sobre os papéis.
+++
a sombra some aos pés
do grande homem.
a formiga corre.
+++
o caracol leva a casa
nas costas. na sua cabeça,
quantas ?

marilia kubota

2 comentários:

Anderson Carlos Maciel disse...

Gosto muito de ler diariamente poemas aqui. Já participei antes. Não tenho o e-mail para enviar contribuição minha. Se interessarem-se em publicar novamente humilde texto meu, ficarei feliz e orgulho em participar de entropia redentora tal. É só apagar o comentário e transcrever o texto se for utilizar.

Carta

Ritmo
Cadência
Forma
Norma
Torta
Enlêvo
Translúcido do desejo

Aqui, ali, lá, acolá
Deixando entrever o caos
Na lama aqui jaz todo o mal

Cristo ressussitado nos queira bem
Dinheiro a gente não tem
Esperança ali é casamento arranjado
Um amigo plantado
Psicanálise do poder

Solidão enfim.

As letras sorriem para mim
Os parágrafos se querem assim
As frases e seu redundante fim

Lêem-me
Esperem, conduzam
Mareiem
Dispam-se, prostituam-se a encontrar a luz
A beleza burguesa da boa-família não nos interessa
Nosso passado, nossa pressa

Rezo a oração toda noite
Do pai que não veio, do Cristo que se anuncia

Meus amigos bêbados, prostitutas, drogados
Eu aqui deste lado
Eles falando por mim
Eu queria ser assim
Eu queria ser assim

Assumi um compromisso com os ventos
Ser saudável apenas
Mentalizar coisas boas, criativas
Relembrar as histórias, as filosofias, os poemas

Inferno de loucos
Tempos outros - agora
Não jogamos notas fora

Aos leitores os meus mil perdões
Beijos em vossas genitálias
E orações em vossas igrejas

Meu inferno sublimado
Minhas catástrofes
Não quero mais
Viver agora em paz
Entender a morte como última causa política
A vida raquítica na maré do bem-querer
Quem desejava ver-me
Vê-me agora
Assumido carniça humana
vida profana
Amigos com grana
Igrejas muitas
Hospitais psiquiátricos
Respostas óbvias para quem não se cansa de falar o óbvio
Conversar o óbvio
A solidão é a mesma do princípio ao fim
Não reclamar, mas fazer arte
A arte das partes de baixo
Do sexo, da prostituição, do álcool
Da busca na igreja
Do beijo de cereja
Da intriga e da inveja
De todos os que me buscam
Sou um prurido nostálgico
Um pus que escorre da ferida aberta pelo tempo
Estrada rumo à morte
Na qual tive a sorte
de vos conhecer.

Anderson Carlos Maciel disse...

Se interessarem-se me informem. Sei que publicam de boa-vontade. Meu e-mail é andersoncmaciel@gmail.com escreverei linhas pensando em vossso propósitos, tendo sempre em mente a admiração pela graça e liberdade das letras nossas lindas e redentoras.

Esse eu fiz hoje, inspirado pelas leituras aqui. Tenho um pouco de timidez mas acho que posso expor...

Cascata rubro-negra.

Você vem me buscar?
Sei vir me buscar.
Virá de preto, com aquela arma
No peito

Levar-me-á
Lavar-me-á de lágrimas
Sua mortalha de amor me envolve
E seu perfume de morte me anestesiou

Acreditei no teu Criador
Teu silêncio é como o dele

Hoje virá
Mortalha de segredos de amor
Cantando canções que não conheço
Passearemos pelas escuras matas
Uma Amazônia no meu peito
Secando por falta de cuidados
Nem sei respirar
Se tuas águas em mim não desaguar

Tua mortalha negra me cobrirá de afeto
Teu nada é tudo, branco, surdo
& mudo
Copio-te, copio tudo

Nessa terra nada se cria
Tudo se copia, e cola
Se me espia a morte, a sorte
& consorte

Copio com a graça dos lábios brutos
putos, ou não, nos submundos
Em que já não encontrarei perdão

Teu amigo imaginário te chamou
_ Inexista como eu! Venha!
Sou um daimon, Sócrates

Tomarás a cicuta da ignorância
& cicuta do amor

Copia-me, copia e cola
Dê-me bola em teu futebol
A crítica é passiva, passivos criminais
Tribunais montados em globais
quintais secos
& implurais

Verto e jorro a meu próprio contento
Jogo pétalas no vento
Jogo pétalas no ventilador
Bem-me quer &
mal-me-quer
Virtual e simulacro
Fraco ou vencedor

Estética casada passando
Em cascata perfumada
Te admirando

Embalo da mortalha que queria
Passear com ela pelo dia
Seduzir argumentos cíclicos
ficctícios em poesia
Neon e putaria
Palavrões oportunos porque não quero
que crianças
Conheçam mina agonia

Farei a cópula, a sangria
Nós de preto, em cama de espinhos
Lembrando a luz no começo do túnel
Quando já findamos o caminho

Perco-me, desvio-
-me
Menos frio, mais corpos sinceros
Teus olhos que quero
Enganam Eros, trazem notícias tuas
Seminuas
À noite fria
Sem meu carinho e minha simples
poesia.
Agora fria
Como ela com a mortalha cópia
& luzidia
Luzes pretas que não brilham
Não iluminam
E não irradiam

Buraco-negro na matéria e no espírito
Não desisto de meu bem
Tu tem outro amor
Eu procurarei cem
É só simplificar a arte
Expondo as partes
Olhar para os olhos e fingir que são os teus
Seduzo corpos com a fúria do que não me deu

Abandono
& cópia
Criança adulta abandonada
Aos carniceiros hipócritas

Leitura apaixonada fazem
Entretenho.
Vendo meu corpo
Para quem o mate
& transcenda

Estou a prêmio
Esperei por ti, quem me arremate
& compreenda.