Sereno, à flor do
tempo,
recomponho o desejo
de estar vivo. Vejo
entrar pela janela
o mesmo sol de sempre;
finjo que não conheço
seu calor, sua máscara
amarela, hepática.
Sei mais da natureza
das nuvens, e do vácuo
entre as estrelas,
negra
matéria; no entanto,
quando me entrego ao
sol,
integro-me ao ser sol:
narciso mais que cego,
narciso cegaluz.
Eduardo Sterzi
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