Bárbara Lia
Esta angústia de um título que nunca nasce, que colide com
um título que brota antes de outro livro existir: Amor tamanho único.
Uma palavra que resume o momento e o romance ganha um rosto,
um motivo, um enlace, todo o enredo contido na grega palavra - Hamartía - e
toda a espera dilui.
Escrever é a aventura mais misteriosa que a vida traz.
Ainda faz frio como quando a vida era fria, mas, a vida não
é mais.
Ainda existe no ar os antigos ranços e as frases que
cortaram a pele, rasgaram ao meio a retina do meu olho esquerdo, mas, não dói
mais...
A vida é um risco, esta carência de estrela, esta noite
insone que a gente leva em uma cadência de trem nos trilhos, atravessar túneis,
montanhas, dar de cara com o escancarado céu, atravessar abismos, raptar flores
das encostas...
Ontem chorei com a vida de uma menina com nome de flor -
Miral.
Ontem pensei na mulher como esta pequena flor de beira de
estrada, onde nem todo o furor poético e obra vale para uma FLIP, pois a menina
envelheceu, a menina tem sessenta anos, não é musa, é só a profusa poesia que
ela leva como a pipa se eleva pra ser lâmpada no céu. Ainda que o neto insista
que Pipa é Pipa. Ponto final.
A vida vale, tanto... Sem Flip, sem nada que coroe os
versos, pois eles são, na realidade, aquela boia atirada ao náufrago poeta. Os
poemas, realmente, sempre e pra todo sempre, primeiro salvam os poetas que o
geraram, salvam e levam, mar adentro, para bem mais, para além de coisas
pequenas, palcos, aplausos, festivais...
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