domingo, 5 de julho de 2015

CRÔNICA RÁPIDA


Júlio Damásio

Tudo ficou mais rápido: Os meios de transportes, a engorda dos porcos e das galinhas, o amadurecimento das frutas. As crianças de antes tinham tempo e se divertiam na construção dos seus brinquedos, os carrinhos de latas de leite condensado e caminhões de latas de óleo; a boneca era de pano, costurada pelas avós que também tinham tempo para criar a fantasia para a neta com as próprias mãos. Hoje não se tem tempo para imaginar, em um botão tudo se acende, mas apaga-se o romantismo da infância passada. O mundo tem pressa. Ninguém tem mais tempo para perder, como quando o namoro era uma calmaria, quando antes de se chegar com jeito na cintura da moça, e a moça no ombro do rapaz, ambos tinham calos nos dedos de ficarem de mãos dadas.... Quanto ao casamento, não se tinha pressa de separar, um esperava o outro morrer. Agora, casou, se não chegar ao orgasmo na lua de mel: separação. Falta preliminares para a vida. Que rapidez é essa? Onde vamos parar com tanta pressa? Aonde queremos ir? A família que se reunia sentada à mesa para o almoço e jantar, saboreava uma deliciosa conversa; hoje a família come desmembrada, todos de pé, pois não dá tempo de sentar, a comida vem pronta sem tempero trazida pelo motoboy.
Antigamente, quando a má notícia de morte chegava, o defunto já estava enterrado, com sorte se pegava a missa de sétimo dia. Hoje, antes mesmo de o moribundo findar, já se tem notícia de sua morte, e coroa chegando.

O mundo anda rápido, rápido demais. Poderia me alongar dando mais exemplos, mas como tudo é muito rápido vou parando por aqui. Não quero tomar muito tempo de vocês nessa leitura. Até porque tenho que correr, tenho de fazer um lanche rápido, fazer um empréstimo no caixa rápido, para comprar um novo notebook, vai ter promoção relâmpago numa loja, esse está muito lerdo.

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