Júlio Damásio
Tudo ficou mais rápido: Os meios de transportes, a engorda
dos porcos e das galinhas, o amadurecimento das frutas. As crianças de antes
tinham tempo e se divertiam na construção dos seus brinquedos, os carrinhos de
latas de leite condensado e caminhões de latas de óleo; a boneca era de pano,
costurada pelas avós que também tinham tempo para criar a fantasia para a neta
com as próprias mãos. Hoje não se tem tempo para imaginar, em um botão tudo se
acende, mas apaga-se o romantismo da infância passada. O mundo tem pressa.
Ninguém tem mais tempo para perder, como quando o namoro era uma calmaria,
quando antes de se chegar com jeito na cintura da moça, e a moça no ombro do
rapaz, ambos tinham calos nos dedos de ficarem de mãos dadas.... Quanto ao
casamento, não se tinha pressa de separar, um esperava o outro morrer. Agora,
casou, se não chegar ao orgasmo na lua de mel: separação. Falta preliminares
para a vida. Que rapidez é essa? Onde vamos parar com tanta pressa? Aonde
queremos ir? A família que se reunia sentada à mesa para o almoço e jantar,
saboreava uma deliciosa conversa; hoje a família come desmembrada, todos de pé,
pois não dá tempo de sentar, a comida vem pronta sem tempero trazida pelo
motoboy.
Antigamente, quando a má notícia de morte chegava, o defunto
já estava enterrado, com sorte se pegava a missa de sétimo dia. Hoje, antes
mesmo de o moribundo findar, já se tem notícia de sua morte, e coroa chegando.
O mundo anda rápido, rápido demais. Poderia me alongar dando
mais exemplos, mas como tudo é muito rápido vou parando por aqui. Não quero
tomar muito tempo de vocês nessa leitura. Até porque tenho que correr, tenho de
fazer um lanche rápido, fazer um empréstimo no caixa rápido, para comprar um
novo notebook, vai ter promoção relâmpago numa loja, esse está muito lerdo.
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