sexta-feira, 3 de julho de 2015

De Olho: Embriagado


Conheci Junkies on the rocks
Que tristes pareciam
Na meia-noite do mundo
Sem música e poesia
Trash on the street
E pó de nostalgia
Andei mil lábios e nem desfaleci
E quando de olhos abertos
O mundo parecendo certo
Mostrou-me o sangue, o fogo e a flor
De pronto era Alice e o país das maravilhas
Não passava e eu nem sabia
De um conto de fados
E uma cama para sempre vazia
Na última sessão de fotos
Um flash dilacerou
Meu coração cansado
Conheci Junkies on the rocks
Em ruas que não eram minhas
Em dias que me caçavam
De volta às mesmas esquinas
Quando a lua já desistia
De iluminar sagas ensandecidas
Hoje molho no pão vosso de cada dia
Minha pena de securas estarrecidas
Meu olho quase morto onze da manhã
E alguém à espreita da minha fugitiva vida
Um amor verso a verso retalhando
Minha dor na qual ninguém mais acredita
E os maus mal parando em pé
Numa solidão de viés quase comprometida
Conheci sweet and darkness
Far away my heart em plena descida
E ruas de um gosto de sal
Que o sol petrificou pra toda vida
Andando só e mal acompanhado
Quién supo hallar mi corazón alado?
Será que alguém se esqueceu mesmo de mim, depois de algum tempo haver lembrado?
Ou quem sabe aqui nos versos
Só e de Olho: embriagado
Posso dizer da vida seus mil lábios
Com línguas de fel e equívocos nos armários

Julio Urrutiaga Almada, do livro o amor é um precipício do cão

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