sexta-feira, 6 de novembro de 2015

acendo um cigarro, para pensar na vida, ando pensando muito na vida, ultimamente, por conseguinte, fumo demais, o que me deixa um pouco deprimido; olho a pilha de livros que tenho que ler, daí me sinto culpado (não sei de onde vem, volta e meia, um repentino desinteresse por este universo que me cerca e do qual faço parte); a culpa aumenta, e acabo sentindo uma certa raiva de mim mesmo, consequentemente, tento investigar minhas (des)motivações interiores. muitas vezes, chego a me considerar um embuste - eu não devia ter matado tantas aulas na universidade para me dedicar ao delírio etílico de ser dante (junto com mais uma meia dúzia de desajustados que foram algumas das pessoas mais brilhantes que conheço e conheci), sei que poderia ter me dedicado mais e, quem sabe, hoje, em que me sinto nauseabundo, alguma motivação divina me faria crer essencialmente em alguma coisa. então, no meio de todas essas reflexões estúpidas, resolvo que não adianta ficar pensando na vida, acendo um cigarro para saborear melhor esta conclusão brilhante de meu intelecto degenerado pela cachaça de alho do seu zé, apanho ao acaso um livro e me deparo com "tabacaria", do álvaro de campos e, num segundo, todas essas experiências parecem valer a pena.

William Teca

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