acendo um cigarro, para pensar na vida, ando pensando muito
na vida, ultimamente, por conseguinte, fumo demais, o que me deixa um pouco
deprimido; olho a pilha de livros que tenho que ler, daí me sinto culpado (não
sei de onde vem, volta e meia, um repentino desinteresse por este universo que
me cerca e do qual faço parte); a culpa aumenta, e acabo sentindo uma certa
raiva de mim mesmo, consequentemente, tento investigar minhas (des)motivações
interiores. muitas vezes, chego a me considerar um embuste - eu não devia ter
matado tantas aulas na universidade para me dedicar ao delírio etílico de ser
dante (junto com mais uma meia dúzia de desajustados que foram algumas das
pessoas mais brilhantes que conheço e conheci), sei que poderia ter me dedicado
mais e, quem sabe, hoje, em que me sinto nauseabundo, alguma motivação divina
me faria crer essencialmente em alguma coisa. então, no meio de todas essas
reflexões estúpidas, resolvo que não adianta ficar pensando na vida, acendo um cigarro
para saborear melhor esta conclusão brilhante de meu intelecto degenerado pela
cachaça de alho do seu zé, apanho ao acaso um livro e me deparo com
"tabacaria", do álvaro de campos e, num segundo, todas essas
experiências parecem valer a pena.
William Teca
Nenhum comentário:
Postar um comentário