Pelos idos de 1964 tínhamos um bom time de basquete composto
por piraienses que estudavam no Colégio Agrícola de Ponta Grossa. Alguns faziam
parte da equipe principal do colégio e outros batiam bola junto. A formação era
eu, Roberto Fanchin, o Joélcio Rolim de Moura, o Sérgio Doff Sotta, o Lúcio
Solak e o Edson Borba.
O time era bem treinado e tinha um bom conjunto. Eu, o Lúcio
e o Edson segurávamos as pontas atrás, o Sérgio e o Joélcio corriam bem, lá na
frente.
De quando em vez, e quando íamos passar o final de semana,
éramos desafiados pelo time de Piraí, do Jorge Vargas, do Dalton Volaco, do
Lúcio Xavier, e outros “craques”. Nós apanhávamos de todo jeito, tanto no
placar como nas faltas. Tínhamos melhor técnica, porém eles tinham mais força
física. Eram mais velhos e não se importavam muito em evitar o contato físico e
nos bater.
Em certa ocasião, num sábado á tarde, o Colégio Santa Cruz
de Castro, que na época ainda era internato, nos desafiou para um jogo
amistoso. Fomos os cinco de ônibus. Junto, e como único torcedor foi um rapaz
que não era nascido em Piraí, que apareceu por lá, e que o chamávamos de
Boturi.
O jogo estava marcado para as quatro horas da tarde.
Chegamos em cima do horário marcado e nos apressamos para não nos atrasar. Na
descida do ônibus, o nosso pivô Lúcio, disse: “Vão indo que eu já alcanço
vocês”. Chegamos ao Colégio Santa Cruz, e quando vimos a quadra, quase
voltamos. O Sr. Bernardo (Diretor) tinha reunido todos os alunos em volta para
nos esperar, e o time deles já estava aquecendo. Trocamos de roupa, iniciamos o
nosso aquecimento e nada do Lúcio. A torcida deles berrando, urrando e nos
intimidando, e nada do Lúcio. Enrolávamos, fazíamos de tudo para ganhar tempo e
o Lúcio não chegava. O Sr. Bernardo já tava começando a ficar nervoso, quando
eu olhei o nosso torcedor solitário, o Boturi, calçado com tênis Conga, e
perguntei: “Você joga”? Ele prontamente: “Jogo”! Pronto fechou o time, estava
ali a nossa salvação! Demos o uniforme a ele e achamos que tava tudo resolvido,
quando o ouvimos perguntar ao Edson Borba, baixinho: “Aonde joga mais ou menos
o número oito?” Pensei: “Meu Deus, estamos fritos!”.
Felizmente, um segundo antes do juiz apitar o início da
refrega, aponta o Lúcio, vermelho, suado e esbaforido. Trocou rapidamente de roupa
e aí o time ficou completo. Pudemos jogar.
No final do jogo, perguntamos: “O que houve Lúcio, que quase
nos deixou não mão?” Ele respondeu: “Fui dar uma passadinha rápida na casa da
minha tia e ela tinha feito um bolo de fubá, ”tava” quentinho, e não resisti.
Tive que sentar e tomar um "cafézão”.
O resultado do jogo não importa e nem faço muita questão de
lembrar.
(Roberto Fanchin)
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