Acho que todos os que nasceram e cresceram na nossa Piraí do
Sul, tiveram uma infância muito parecida: brincadeiras na rua, jogos de bola,
bolinha de gude, cinco-marias, amarelinha, Etc.. Éramos crianças inocentes,
alegres, felizes!
Mamãe era costureira e nós fomos acostumados com nossa casa
sempre cheia de mulheres, seja auxiliando-a na confecção - lembro da Célia
Sandrini Soares, Terezinha Sandrini Oliveira, Tereza Turra Dolato - ou as
senhoras e moças com seus tecidos, folheando as revistas da moda na busca do
melhor modelo de vestido ou tailleur.
Mamãe precisava de silêncio e concentração para realizar o
corte nos tecidos e confecção dos trajes solicitados. Como toda criança, meus
irmãos e eu éramos muito peraltas, muitas vezes levávamos uma "boa"
palmada e/ou puxão de orelhas e/ou beliscão, isso quando não aparecia a vara de
marmelo que descia valendo em nosso "popô". E após toda
"tortura" ainda éramos contemplados com um castigo que consistia em
nos colocar sob as mesas da sala de costura e só sairmos depois do corte do
tecido.
Em 1968 nos mudamos para Ponta Grossa e qual não foi nossa
surpresa ao virar as mesas da sala de costura, lá estavam as caricaturas de
mamãe com proeminências diversas: seu rosto caricato com um enorme nariz, ou
com grandes orelhas, grandes seios, grande barriga...enfim...
Cada pessoa tem um dom ou talento, algo em que ela é
realmente muito boa. Meu irmão Luiz Otávio possuía talento e sempre teve
facilidade em desenhar e quando éramos colocados de castigo sob a mesa, sua
revolta e vingança se traduzia em caricaturar mamãe.
Enir Elaine Torres Nunes
COLETÂNEA DE CAUSOS, CRÔNICAS E POEMAS "PIRAÍ DE ANTIGAMENTE"
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