De repente
num modo velho de acordar
abro a úmida casca noturna.
Sou folha? Inseto? Passarinho ou gente?
Que dia é hoje? Que horas são?
Onde está o homem que dorme comigo?
No meio das suposições
minhas pálpebras amarfanhadas
são peso e desproporção,
minhas córneas não entendem.
Dói, na penumbra, o reajuste dos meus ossos.
Dói a bexiga que tem rígido horário.
Dói o cotidiano no meu caminho.
- Lucinda Persona, em "Ser cotidiano". Rio de
Janeiro: 7Letras, 1998.
http://www.elfikurten.com.br/2016/01/lucinda-persona.html
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