Bom dia!
QUEM SOU EU?
Quem sou eu,
que leu incontáveis livros
mas não aprendeu a empilhar tijolos
como me queriam ensinar?
Que fracassou redondamente
no ofício de acumular fortuna?
Que não aprendeu a arar,
mas sim a sonhar sem limite?
Que sob o guante do chicote
tomou o freio nos dentes?
Que diante da autoridade vazia
optou pela rebeldia?
Que se delicia com vinhos,
sonhos, livros, música e poesia? . . .
Quem sou eu,
que moro no subúrbio?
Que detesto dirigir?
Que leio Pessoa de pé,
no comboio lotado,
a caminho do trabalho,
ouvindo música clássica
em fones de ouvido?
Que, nascido pobre,
recusou-se a ser operário,
insistindo em ser poeta?
Que mais valoriza sentimentos
do que coisas?
Quem sou eu,
que prossegue amando
como quem atravessa
um túnel sem fim? . . .
- Fiz esse poema, aí por volta de maio de 2006, porém,
decorridos 10 anos, continua atual –
José Luiz Santos . Vidráguas
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