Reza a lenda que no século dezenove, onde hoje é um conjunto
habitacional chamado Jardim Centauro localizado no bairro Uberaba na cidade de
Curitiba, existia um orfanato comandado por imigrantes que plantavam uvas no
local. Dizem que as crianças também trabalhavam com este tipo de agricultura e
que os donos do abrigo esconderam potes de ouro naquela região.
Em 1979, quando eu tinha cinco anos de idade, eu morava no
Jardim Centauro e não sabia destas lendas. Uma vez pedreiros foram mexer no
solo da minha casa, para uma reforma, e acharam brinquedos enterrados, que eram
cavalinhos de madeira. Deste jeito, peguei estes bonecos para brincar.
Naquele mesmo ano, do meu aniversário estava se aproximando
e minha mãe foi comigo a uma cabeleireira, que tinha salão de beleza na Avenida
Salgado Filho, para cortar o meu cabelo estilo surfista, o corte da moda. Desta
maneira as duas começaram a prosear. No meio da conversa a cabeleireira disse:
- Vocês estão morando no Jardim Centauro, né?!
- Sabiam que este conjunto é misterioso, pois antigamente
tinha um orfanato lá e as crianças eram maltratadas nas plantações de uva?!
- Dizem que tem até moedas de ouro enterradas debaixo das
casas.
Logo eu e minha mãe ficamos assustadas.
Finalmente, chegou o dia do aniversário e várias crianças
foram convidadas. De repente, entrou na festa uma menina com laços no cabelo e
vestido rodado de cetim. Desta maneira, perguntei:
- Qual é o seu nome?
A menina respondeu:
- Gertrudes.
Assim indaguei:
- Você mora no bairro?
A garota respondeu:
- Moro aqui, mesmo.
Deste jeito, perguntei:
- Quantos anos você tem?
A criança disse:
- Mais de cem.
Depois deste diálogo levei Gertrudes para brincar com os
outros convidados. Ela se divertiu normalmente. Mas ela sumiu, sem deixar
rastros, no final da festa. Portanto, naquele instante, achei que ela era
apenas uma “penetra”. Já que ninguém da minha família conhecia esta pessoa.
No final do ano, voltei ao salão de beleza, contei à
cabeleireira sobre este fato misterioso e ela falou que Gertrudes poderia ser
um dos fantasmas do orfanato.
Luciana do Rocio Mallon
Nenhum comentário:
Postar um comentário