De Mara Paulina Arruda
Caminhávamos cabeça baixa, pensando no filme, em suas tramas
e nas revelações que, para cada um, era pertinente. As palavras e as cenas nos
corroíam numa noite clara em que a lua se fazia presente. Um filme de época. O
olhar dos personagens seguia-nos nas ruas até chegar em casa. Parecia que ele
carregava uma biblioteca nas costas. O corpo arqueado dentro de um terno marrom
surrado. Os ossos do rosto cobertos por uma camada fina de pele. E as mãos com
os metacarpos saltando entre músculos e nervos o que dava um destaque para a
aliança que tinha na mão esquerda. Saímos assim: meio titubeantes na realidade
da vida às 22 horas. Nem eu nem ele queríamos falar sobre o tema tratado dentro
do cinema. Ao dobrarmos a quadra juntos dizemos uma frase do filme. Sorrimos.
Ele perguntou: qual é o adjetivo que poderíamos dar para o filme. Quando eu ia
responder ele acrescentou olhando-me nos olhos: adjetivo para a vida real. Eu
não soube responder.
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