De Mara Paulina Arruda
Ela lixava as unhas no sofá. Um livro de Jane Austen no seu
colo. Afastou o livro, levantou-se e foi abrir a janela. Folhas vieram parar nos
seus cabelos. Vento frio. O rosto pregueado pelo tempo.
Caminhou até a estante onde estava o radio. Apertou o botão
e uma música fez com que ela balançasse o corpo numa dancinha cantada por uma
menina norte-americana. A voz da cantora destoava das fotos vistas por ela na
internet: um mulherão com cara e voz de menina. As construções midiáticas!
Disse isso e parou de dançar indo até a cozinha preparar o café.
A previsão era: um dia cheio pela frente. Seguiu pensando
nisso enquanto arrumava a mesa, nas construções do perfil do gênero, um dia
chamado de frágil. Sentou-se à mesa. Serviu uma xícara de café para si mesma
que ali mais ninguém havia.
Da cadeira avistou uma réplica da Torre Eiffel e o quadro
que precisava ser trocado. E nem saberia dizer por que veio parar na mesa do
café um problema que surge de vez enquanto: a manutenção rotineira da casa; as
dificuldades em lidar com furadeiras, martelos e chaves de fenda! E um amigo
seu, não faz muito tempo disse que ela precisava era arrumar um homem para resolver
as pequenas coisas na casa e, dizer-se seu! Ora, vejam vocês o disparate do
comentário. Quase que Ela perdeu a calma! Bom, mas o fato que nos interessa
aqui é que Ela aprendeu a fazer a manutenção de sua casa ao seu modo, sem
depender, sem obrigar um homem, seja qual for, marido, namorado ou amigo. Um
dia, no supermercado descobriu o durepoxi! Que grande descoberta! Comparada, em
suas devidas proporções, obviamente, a descoberta para Ela foi a da luz!
Exagero? Não não!! Ela descobriu um jeito de surpreender sua avó... Olha, aqui
entre nós, essa personagem merece ou não merece admiração?
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