domingo, 19 de maio de 2013

OUTONO DO POETA



Tudo que de sagrado tenho e guardo
no fundo do baú é inventado.
São sonhos de palavras, inventário,
um resumo da ópera, meu fardo.

E todos esses versos que ainda aguardo,
a cada dia, como um pobre coitado
aguarda uma esmola, envergonhado,
são para mim, mendigo, um fado árduo.

Guardá-los, protegê-los do calor
das batalhas do coração, do frio
da indiferença azeda e sem valor,

é meu trabalho. Meu cofre vazio
é meu rico salário e meu tesouro
é esse outono folheado a ouro!

Antonio Thadeu Wojciechowski

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