segunda-feira, 20 de maio de 2013


Rita Medusa
A serpente não se deixou traduzir. Ele o sabia, com seu passo arrastado, grilhões, correntes, livros místicos e uma metralhadora imaginária no colo, não para ferir, mas para despertar sentidos inviáveis, explicava. Aquela manhã ele se deixaria despertar pelos estímulos mais simples e doces, o cara que se entrosava com personagens dourados com a cor das tempestades nas veias. Há muito não bebia. Há muito cultivava o barulho dos disparos de todas as guerras silenciosas. O mundo destilava o veneno incorrupto sob sua cabeça. Sentia-se batizado, ungido pela consciência de dor e fuga espalhada pelos trópicos: “mas do que tanto vocês fogem? De que é feita esta velocidade? e se eu tivesse força seria não para fugir com vocês, mas para perseguir esses fantasmas com minha metralhadora e cobrir o mundo com minhas flores podres. Nunca deteria a dor nesta dimensão, porque ela á mãe do delírio e das fantasias que nos fazem parar de correr para chorar.”

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