Puta merda!
Aí o cara escreve assim: “um turbilhão de sentimentos”. E desse
“turbilhão” – que ele diz que sente -, covardemente não é capaz de confessar um
sentimento só. Unzinho sequer.
Vejo muita gente abusando desses excessos tsunâmicos.
Relatando, à la Roberto Carlos: “são muitas alegrias e emoções”. Eu, como
leitor, só quero uma pequenininha. Uma alegria miudinha já me basta. Uma emoção
que me toque, oh, particularmente.
Escrever é sempre “particularmente”.
Mas não. O cara não aprende, não apreende. Segue escrevendo
– em contos, romances, poemas. Algo do tipo: “milhões de pensamentos passaram
pela minha cabeça”.
Pensamento só pode passar pela cabeça. Se passar pela
virilha, pode dar boa literatura.
Sem contar que nunca vi usarem tanto “pensamento” em texto.
Pensou, pensava. E pensar que é bom não pensam. Nem pesam. Os parágrafos vão
ficando cada vez mais cheios, carregados de tudo.
Ninguém vai ao abismo com tantos apetrechos.
Caralho!
Lembrei-me disto quando, ontem, Suzana Serecé me falou que
adorava ver a antiga novela “Canavial das Paixões”, do SBT.
Logo Suzana, pernambucana.
Perguntei se deste canavial ela conseguiu tirar algum
bagacinho.
Qualquer melaço, qualquer caldinho, mulher.
Marcelino Freire
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