NALDOVELHO
Versos mal comportados,
colaterais e indecentes,
parte deles descendentes,
raras vezes ascendentes,
tipo inquietude da alma,
coisa estranha, complicada.
Costumam ser revoltados
e espumam para todo o lado,
feito líquido efervescente
imprudentemente derramado.
Melhor tomar cuidado,
queimam como aguardente!
Se paridos desordenados,
preferem arrombar as portas.
Não se dá conta o poeta,
das entranhas destrambelhadas,
do limite que eles pretendem.
Parecem mais sortilégio,
flor cultivada no brejo,
mandinga, despacho ou feitiço
e não há como acabar com isso!
Herança maldita que o tempo semeou
e que ainda assim constroem poemas
de elegia ao enamorado
que sucumbiu apaixonado
pela mulher do vizinho do lado,
pela ninfeta fogosa e ardente,
ou pela mulher madura de frente.
Versos desgovernados,
ventania que fustiga o rochedo,
castelo tomado em noite de lua cheia,
maré vazante na praia.
Melhor se entregar à sereia
do que ficar assim, se agitando,
sem eira, nem beira.
Melhor morrer de paixão,
antes que seja tarde.
Melhor que seja em versos,
e que sejam, mal comportados.
Nenhum comentário:
Postar um comentário