Marina Tadeu
o esfolado a pingar
despistava os mais berrantes exibicionistas
cantando ópera correndo
fazendo da estrada
a cauda do seu sangue
perseguido pela matilha
queria por casacos no prego
mas onde estava era onde ia
tinha sentido as costas da mão
de Deus à nascença a abrir-lhe
um parêntesis para o corpo
que não fechou e a pele caiu
desde então de nervos desenfreados
à flor da carne que lhe sobra o pânico
da fome naqueles olhos
que abusando de seu próprio sono iluminam
como se lhe quisessem fazer mal
mas não fulminam
devoram apenas
e depois arrojam-nos para fora como um osso
insaciável aqui já
presente no meu casco
onde a casca de dão grossa
encarquilha imobilizada o barco
(nos despojos lassos da Marina, pudera)
ei-lo na alba encarniçado
resgatando do meu leito a pele
a arder tal como era
o esfolado no meu viço
remexendo entre agulhas
e uma palha com a ponta de seu punhal
encontra fanado meu fanado
e talvez sem dar por isso
transborda na borda do meu bordado
dá-se à estampa desobrigado
deixando-me presa ao fio
do tear de Clonos
enredando nada
a não ser o frio
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