Depois de entregar-se por muito tempo à água, voltou a terra
onde com a matemática dos olhos procurava descobrir os lugares onde os tracajás
haviam enterrado os seus ovos e, isto, os homens da ciência sabiam menos que
ele. a prática fizera-o mestre no
buscar os ninhos camuflados no igual do branco da areia.
a praia, descendo da densa mata devoluta, serpenteava no
rumo do rio onde um enorme jacaré, num peso de montanha, dilatou o vazio para
dar duas rabanadas, e, em vôo submerso atingiu o mo-lhado da margem e ficou
olhando-o com um olhar famélico. era um inimigo que não ficara de vir, embora
ter, ele, admitido, sempre, a possibilidade daquela indesejável presença. via o
espírito da fome rondando as suas carnes. sentiu-se quase prisioneiro. na
posição em que ficara, a fera, dominava, realmente, a única saída. o seu casco,
que havia deixado na beira, estava a dois passos do anfíbio, cujas patas
velozes arranhavam o chão num chi-chi manhoso, preparan-
do-se para a furiosa investida.
(Benjamin Sanches). Amazonas
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