Queria falar-te do que fui, mas isso não consigo,
Prende-se-me a língua, turva-se o raciocínio,
E divago - oh, se me perco!... - num imenso domínio
Dessas dolorosas memórias, meu eterno jazigo.
Queria algo dizer, o que sou, por onde sigo,
Onde deposito de mim esse sacrossanto escrínio
Que contém as lembranças desse assassínio
Sempre que tento confessar-me e nada te digo.
Queria que sentisses um pouco desta tormenta,
Aqui, nesta pedra sob a qual o espírito se espalma,
Cujo peso do pecado meu fraco corpo não aguenta
Quando certeza tem que longe de ti tudo se acalma,
Nesses mundos irreais que só ele sabe e inventa
Para aí ser o que fui quando libertei a minha alma.
Luís Corredoura dixit
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