domingo, 25 de setembro de 2016

a grande tristeza


● se não pode a beleza erguer e sustar ●
● o fino fio q se retesa e agora se parte ●
● isso é caminhar entre cinzas diz a beleza ●
● quase rindo afastando os ossos a carne o ar ●
● q se perdeu o esperma na pele q se estragou ●
● diz a beleza quase rindo abrindo o gozo sim ●
● a beleza q se arruinou não toca mais a pele ●
● nem o esperma sobre a pele rindo os olhos ●
● abertos abismados o esperma jorrando ●
● é branco é cristal é quente dizia a beleza ●
● fenda como tarantula q se aninha e vela ●
● pas q no teto espalham o ardor vivo do rio ●
● mormaço das lamas do mangue o corpo ●
● violento sangrado do rio nem a breve pele ●
● coberta e nua de esperma entre o pubis ●
● o bico liso dos seios entre a erma barriga ●
● tesa e a lingua fina q se afasta entre dentes ●
● isso q morde e se gasta no desejo aquele ●
● entre as pas no teto sob o calor do rio gotas ●
● de suor como serpentes frias o grilo agora ●
● treme saciado e sereno inseto a fome sim ●
● q tudo devora a escadaria a hora a paga ●
● a hora assim a beleza se entrega sorrindo ●
● ?como é possivel tudo isso findar assim ●
● como se nunca tivesse existido e ja ja ●
● desaparece quando a carne transparece ●
● quando a carne os ossos se tornam o rio ●
● o mangue as arvores tortas a cada torção ●
● o corpo o gozo o nectar eis a alegria rindo ●
● quase dançando pele contra pele a pele ●
● da cidade ruas no sabor vivo do mangue ●
● entre as pontes a lama viscosa esperma ●
● seco contra a vidraça do tempo a beleza ●
● q se gasta tanto q some devorada sem ser ●
● nem mesmo o q foi nem a hora nem agora ●
● isso q se perdeu e não não vai retornar ●
● todas essas coisas pequeno idiota diz ●
● a beleza no grande tempo se passaram ●
● agora nem cinzas pra brincar como um cão ●
● são mais possiveis nem a corda retesada ●
● entre margens q se dissolveram fecha então ●
● teus olhos e aceita logo a escuridão ●
*

Alberto Lins Caldas

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