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Por ocasião de feriado de sete de setembro, postei no feici
búqui que meu desfile do Dia da Independência seria com trabalhadoras,
campoenses, médicos, professoras e por aí vai.
Nada contra os militares, mas até hoje não entendo porque,
sendo a pátria e sua independência (?) lugar e conquista de todos, porque,
então, apenas um estrato da sociedade deve estar representado na marcha
comemorativa?
Bem, mas não é sobre isso que quero falar.
Encerrei o post daquele dia avisando que meu desfile seria o
das forças desarmadas, e é aí que entra o que tenho a dizer.
As Forças Desarmadas foi um dos belos livros de contos que
li em minha vida, ainda bem jovem, mas o curioso é que só cheguei a essa conclusão
algum tempo atrás, já bem mais pros 50 do que pros 40.
O autor, Júlio César Monteiro Masrtins, apresentava um
pequeno programa sobre livros e literaturea na primeira rádio em que trabalhei
em minha vida profissional, ainda como estagiário, a Estácio FM.
Em uns dez ou doze contos (não lembro bem, não tenho mais o
livro na estante, apenas em minha lembrança), Júlio César apresenta uma visão
crítica da juventude da época - primeira metade da década de 80 -, perdida nas
drogas e no tal vazio existencial da falta do que e de quem amar, oprimida pela
agonizante ditadura militar e já escravizada pela indústria cultural.
Acho que o livro tem um cheiro de Caio Fernando Abreu,
grande influência da época. Se por acaso você aceitar minha dica e se
interessar em ler, diga depois se achou o mesmo.
Júlio César Monteiro Martins escreveu mais livros. Lembro
que li outros dois, mas me passaram em branco.
Fiquei anos sem ter e procurar notícias dele. E sem lembrar
de As Forças Desarmadas.
Até que, há não muito tempo, soube pela internet que fora
viver na Itália ainda nos anos 90, me parece.
E que falecera em 2014.
Impactado pela notícia, o nome do livro pulou
automaticamente de velhos fichários mentais, trazendo pela mão seu conteúdo e
seu valor.
Saiu do ostracismo de minha memória de meia idade para
desfilar na avenida chamada Livros da Minha Vida.
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André Giusti
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