"Então, que seja doce. Repito todas as manhãs, ao abrir
as janelas para deixar entrar o sol ou cinza dos dias, bem assim: que seja
doce. Quando há sol, e esse sol bate na minha cara amassada do sono ou da
insônia, contemplando as partículas de poeira soltas no ar, feito um pequeno
universo, repito sete vezes para dar sorte: que seja doce que seja doce que
seja doce e assim por diante. Mas, se alguém me perguntasse o que deverá ser
doce, talvez não saiba responder. Tudo é tão vago como se fosse nada."
.
- Caio Fernando Abreu, em “Os Dragões não conhecem o
paraíso”, São Paulo: Companhia das Letras, 1988.
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