sábado, 17 de setembro de 2016

Posso me desfazer de alguma memória crivada,
Aferroada na alma, alongada e infértil.
Posso desobstruir o passeio,
Levando dele o que secou, o que passou.
Posso pinçar uma dor revoltosa,
Montada sobre o dorso do sonho.
E dos nítidos lanhos, traçar uma arcada na pele,
Um desenho, uma pintura em vermelho.
Transformar em signo, música,
Místico enredo, trama de ave canora.
Mas é da sua alma que tudo rebenta.
Das suas mãos que tudo escoa.
É do que você evoca que aconteço.
Não vou a parte alguma, amor meu,
Enquanto ouvir você dentro de mim.

Rosa Maria Mano

Nenhum comentário: