"Senti que o tempo é apenas um fio. Nesse fio vão sendo
enfiadas todas as experiências de beleza e de amor por que passamos. Aquilo que
a memória amou fica eterno. Um pôr do sol, uma carta que recebemos de um amigo,
os campos de capim-gordura brilhando ao sol nascente, o cheiro do jasmim, um
único olhar de uma pessoa amada, a sopa borbulhante sobre o fogão de lenha, as
árvores do outono, o banho da cachoeira, mãos que seguram, o abraço do filho:
houve muitos momentos de tanta beleza em minha vida que eu disse: ‘Valeu a pena
eu haver vivido toda a minha vida só para poder ter vivido esse momento. Há momentos efêmeros que justificam
toda uma vida’."
.
- Rubem Alves, em “Do universo à jabuticaba”. São Paulo:
Planeta do Brasil, 2010, p. 144.
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