(para Frida Kahlo, mais uma vez...)
Em uma mulher livre
Sobrancelhas são gaivotas
E sua roupa tem a cor do vinho
De um “Banquete” inesquecível
Rastros do “Amor” de Diotima
Em uma mulher livre
Uma nuvem pequena
Tem o mesmo peso
De um mar rancoroso
Debruado escuro
Contorcendo dor
Que pode ser do corpo
Ou do espírito
Em uma mulher livre
A agonia líquida
Escorre
Percorre
E sempre morre
No corpo do amante
Em uma mulher livre
Ninguém penetra
Sem saber a senha
E só sabe a senha
Quem penetra o círculo
O círculo de fogo
De quem já viveu em dobro
Amou em dobro
Sangrou retalhos de nãos
E costurou o coração
Com a mão esquerda
Enquanto a mão direita
Estancava o sangue
Em uma mulher livre
O olhar sempre é triste
Talvez por trazer a certeza
De que uma mulher livre
É coisa que quase não existe
Bárbara Lia
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