quinta-feira, 24 de setembro de 2015

A ESTAÇÃO


Ao longe se ouvia um apito dolente e, logo após, o “blém-blém-blém” do sino dando o “pode” para que o comboio adentrasse o pátio da estação.
E a maria-fumaça chegava célere e resfolegante, soltando chispas pela chaminé, soberba e majestosa, sobre os trilhos de ferro que a conduziam ao seu destino.
E nos domingos à tarde, a plataforma da graciosa estaçãozinha de madeira ficava apinhada de piraienses - moças e rapazes – que lá iam para assistir a passagem do trem de passageiros. E isso era uma festa, pois na estação o trem ficava por algum tempo para que os passageiros pudessem descer e “esticar as pernas”, ou até mesmo fazer um lanche no boteco lá existente.
E nessas paradas nasceram muitos amores platônicos, alguns namoros e até casamento entre passageiros e habitantes locais.
Mais tarde a maria-fumaça foi aposentada, vindo em seu lugar as deselegantes locomotivas movidas a óleo diesel que mesmo sendo feias, cumpriram por muito tempo a sua missão. Os trens de passageiros também foram extintos, ficando somente os de carga, perdendo a estação o seu encanto das tardes de domingo.
Com o passar do tempo e com as rodovias sendo pavimentadas, até os trens de carga se acabaram, mas a velha estação manteve-se lá, encantadora, tendo como cenário de fundo o serro piraiense e sendo símbolo de uma época que deixou saudades.
E como era bom ver a estação no final da avenida, pois embora inativa, quando por lá passávamos, parecia-nos ainda ouvir o apito, o sino e o burburinho em sua plataforma. Só que numa noite fatídica, vândalos incendiaram aquele que era um dos símbolos da pacata Piraí do Sul. Ao amanhecer, só restavam um monte de cinzas e carvões, ainda fumegantes,
Hoje, a querida estação só existe em algumas fotos e em imagens nas lembranças dos piraienses, que saudosos, sempre relembram da sua estação.

George Abrão


CONCURSO DE CRÔNICAS E POEMAS "PIRAÍ DE ANTIGAMENTE"

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