Ao longe se ouvia um apito dolente e, logo após, o
“blém-blém-blém” do sino dando o “pode” para que o comboio adentrasse o pátio
da estação.
E a maria-fumaça chegava célere e resfolegante, soltando
chispas pela chaminé, soberba e majestosa, sobre os trilhos de ferro que a
conduziam ao seu destino.
E nos domingos à tarde, a plataforma da graciosa
estaçãozinha de madeira ficava apinhada de piraienses - moças e rapazes – que
lá iam para assistir a passagem do trem de passageiros. E isso era uma festa,
pois na estação o trem ficava por algum tempo para que os passageiros pudessem
descer e “esticar as pernas”, ou até mesmo fazer um lanche no boteco lá
existente.
E nessas paradas nasceram muitos amores platônicos, alguns
namoros e até casamento entre passageiros e habitantes locais.
Mais tarde a maria-fumaça foi aposentada, vindo em seu lugar
as deselegantes locomotivas movidas a óleo diesel que mesmo sendo feias,
cumpriram por muito tempo a sua missão. Os trens de passageiros também foram
extintos, ficando somente os de carga, perdendo a estação o seu encanto das
tardes de domingo.
Com o passar do tempo e com as rodovias sendo pavimentadas,
até os trens de carga se acabaram, mas a velha estação manteve-se lá,
encantadora, tendo como cenário de fundo o serro piraiense e sendo símbolo de
uma época que deixou saudades.
E como era bom ver a estação no final da avenida, pois
embora inativa, quando por lá passávamos, parecia-nos ainda ouvir o apito, o
sino e o burburinho em sua plataforma. Só que numa noite fatídica, vândalos
incendiaram aquele que era um dos símbolos da pacata Piraí do Sul. Ao
amanhecer, só restavam um monte de cinzas e carvões, ainda fumegantes,
Hoje, a querida estação só existe em algumas fotos e em
imagens nas lembranças dos piraienses, que saudosos, sempre relembram da sua
estação.
George Abrão
CONCURSO DE CRÔNICAS E POEMAS "PIRAÍ DE
ANTIGAMENTE"
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