não morreu a história.
numa praia pedregosa
de halicarnasso, terra de heródoto,
não morreu a história.
melhor seria
que um fósforo de hegel, riscado
nos faróis e cátedras
de quantas teleologias,
não apagasse
ao sopro desta tempestade.
o mar é tautológico,
argos que roesse os infinitos
ilíacos de homero, baralhados e cuspidos
feito búzios.
um cão dormirá talvez
naquelas mesmas praias e pedras,
desmemoriado.
um cão,
um turista,
uma criança viva.
(dormiriam aliás,
tranquilos,
à ilharga
de qualquer outra praia.)
não morreu a história.
numa praia pedregosa
de halicarnasso, terra de heródoto.
***
abdullah kurdi
(o mar é o
mesmo, mas)
a concha espraiada
guarda na concavidade
o grito do pai
Rodrigo Madeira
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