(Homenagem a Ferreira Gullar)
Escrever não tem a menor importância.
O que importa, de fato,
é o exercício, o ato
pelo qual desato minha ânsia
dos abismos em que se perdera
em noites sem esperança,
sem vinho, sem passo de dança:
desespero maior, que em mim se instalara.
Por favor! Não me busquem em entrelinhas.
Leiam-me sem duplo sentido.
Claro, que, com algum cuidado,
pois, do poema saltam farpas envenenadas,
que poderão atingir o leitor desavisado,
ferindo-o e levando-o ao lamentável estado
de, também, querer abrir suas veias,
mostrando-se despido, e sem defesas, ao mundo.
Ah, essa dor e esse prazer de escrever.
Ah, essa vontade de sangrar a própria jugular
e, depois, esvair-se na hemorragia, lentamente,
tentando a vida compreender
à medida que se esvazia a Mente,
buscando alento onde não se supusera havido.
Ah, essa ânsia e essa sina, eu as descobri, incauto, num
repente,
ainda menino, dentro do Poema Sujo de Ferreira Gullar.
- por JL Semeador de Poesias, o José Luiz de Sousa Santos,
na Lapa, em 07/09/2010 –
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