Mais um trechinho de minha tese, onde eu explano sobre a
teoria dos polissistemas de Itamar Even-Zohar:
"Se os textos são o produto mais evidente da
literatura, o repertório é o complexo de normas e elementos sem os quais não se
produz nem se consome textos específicos. Por outro lado, se um sistema
literário possui vários níveis (um nível renovador, um nível conservador), para
cada um desses níveis existe um repertório literário específico. Do mesmo modo,
para cada agente do sistema pode haver um repertório particular: assim, o
repertório exigido de um escritor não é exatamente o mesmo de um crítico
literário, nem o de ambos coincide com o de um simples leitor.
Se um sistema literário é novo, seu repertório é
presumivelmente reduzido, o que pode levá-lo a servir-se de outros sistemas
disponíveis em seu entorno, como literaturas em outras línguas. Se ele é velho,
pode haver acumulado um amplo repertório, de maneira que em momentos de mudança
ou crise pode valer-se de métodos de reciclagem. Todavia, um sistema velho com
um amplo repertório pode não conseguir reciclar-se dentro de suas próprias
opções, se os outros fatores do sistema não o permitirem – como ocorreu, na
Europa ocidental e central, com o sistema literário em latim, que entrou em
colapso em torno do século XVIII."
Otto Leopoldo Winck
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