Por Priscila Merizzio
barbecue na câmara bafo de bílis de sua bocarra
minha pele lixada na sua língua de boi
carne viva de poros de polvos, rastros de desentupidor de
pia
marcada com o ferro quente das águas-vivas
acomodei-me no ventre de uma baleia-jubarte
com sua voz de sirene misteriosa, ela cantava-me hinos de
alforria dos parques aquáticos
desenraizados salgueiros-chorão de suas mansões telúricas
afoguei-me em riachuelos de rãs cadavéricas e girinos
mãos bobas no magma do centro da Terra
e-mails enviados à lua cheia et à urbanoides alienígenas
Regina e Leandro flanam em minha janela: um quadro de Marc
Chagall
gaudérios e suas odes às capelinhas destrinchados por meu
cadafalso nazareno
há caudilhos na árvore materna
incinerando meus desejos nos fogões à lenha
espeto de alcatra cutuca com carvão Paris, Egito, interior
da Itália
e alma gêmeos
estampidos de estrelas racham as paredes de meus vizinhos
água incandescente vazando dos canos
exuberâncias mágicas aterrorizando índoles materiais
meus amores nadam selvagens nos cabos ópticos
dentro de ônibus interestaduais: brunette-Tieta ousando o
Nouveau monde
[Poema que integra originalmente o livro "As Herdeiras
de Lilith", organizado por Marilena Wolf De Mello Braga e editado pelo
Instituto Memória, coordenado por Anthony Leahy]
Nenhum comentário:
Postar um comentário