A marca que impede uma alma
livre de ser plena, correr ao encontro de tudo. O congelamento do corpo em uma
cama, em um espaço cerzido. Ela - Frida - não aceitou e pintou sua realidade
com traços de luz/fogo/alfazema/lágrima e amou de um amor irrepreensível e
nunca aceitou que o mundo a taxasse de menor ou pequena... Frida sussurra no
meu travesseiro a ladainha da rebeldia: Ergue este queixo bonito e pisa as
flores da tua escolha, e ama e ama até forjar uma chuva de colibris acima dos
abismos. Frida, Frida... Ainda estamos colhendo estas aves azuis com nossas
mãos pequenas. Tua liberdade era estrela bastarda - eterna fagulha no céu - eu
a agarro como quem monta uma égua dilacerada, pretendendo com ela atravessar a
agonia do viver. E quando meu corpo esquece que é teu corpo eu contemplo este
duplo meu e a minha voz interior diz claramente - Sou Frida à medula.
Bárbara Lia
Respirar (2014)
https://www.youtube.com/watch?v=pyO6rmvuKV8
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