- Damáris Lopes -
Qual balanço perturba e nauseia
Um corpo que ao mar se lança
É a vida que usurpa e incendeia
Escaldante sol a sua semelhança.
Nuvens descem do celeste azul
Freqüência da bússola se perde
Coerente não é mais norte ou sul
Nem meu eu divisa minha verve.
Marés cheias, famintas e variáveis
Torturam ferozes a voz da prece
Veloz o vento benfeitor da vez
Forte ar que também carece.
Num sobe e desce sem fim
Ondas querem veleiro tragar
Batalha travada no sal, enfim
Vencerei eu, céu ou mar.
A correnteza do mar é artesã
Sua força e leis, objetiva
A vela exausta, figura vilã
Falha e me conduz à deriva.
Tomara que ao leme desta nau
Traduza eu, desígnios da navegação
Suporte meus medos, absorva degraus
Sublimize o naufrágio à salvação.
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