domingo, 17 de agosto de 2014


calço uma bota de luz não deixo sombras rastros
chegasse ao fim da eternidade, entro nela
eternos na memória de não termos havido
dinossauros e protozoários são da minha família
também é peixe pássaro nadando o céu profundo
fundação sino mais agudo que o som
seres saltando fugidos do mar
e o vinagre do sangue no suplício do martelo
e alma horripilada no escuro da dor
estar preso na coleira d´outra liberdade
um galo saísse do terreiro mas em cativeiro o parto do dia
quando me vir, o outono luto das flores
venta a saudade desfolhada, rebolam as luas
desafiam a mandíbula do orgástico rasgo
e arranca o querer-muito a língua-arpão do domador Naufrágio
o seco e o frio se escondem se entregam se escondem outra vez
quem é que não é lugar para firmar
desvendar me incendeia, poças de suor ilhas de vapor
cheia mata de depois que eu chegar sou também e demais
e de tanto que quis e não quis eis pássaros em nuvens xucras
a maçã madura da queda o escombro de dentro da mulher
quem chega ao fim, entra nela
para nasce, entra nela
o amor vai só se até

Luiz Felipe Leprevost



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