domingo, 17 de agosto de 2014

da série Fazer teatro a qualquer custo 2


as platéias ávidas por vingança
estou um ET
o que seria dele, hein, com uma produtora
ninguém é burro só o burro
ponto de vista tem lá a indústria
tenho uma boca dentro de mim
abraçar o mundo com as pernas
atrapalha a entrada do público
cara-a-cara com você, esgoela
o texto sentado no banquinho
a dança faz bobagem
na região dos médios, indo pros médios-médios, médios-graves, graves
farelos de voz rouca tombada na garganta
sou um dissidente paralisado
convida alguém da platéia, é o Loutreamont
na gaiola?
as feridas que se foda não são tão somente as feridas que se foda
melodioso-melancólico
voa, rola, vai, ribalta
búfalo nas coxias
acontece que sou pacífico
inscrevi meu aniversário no próximo edital da Lei de Incentivo
por 42 horas o riso frouxo
a fisionomia radicalmente da primeira pra segunda investida
tudo testa, sobrancelhas, olhos, nariz, desenho dos lábios, bochechas, queixo, pescoço tudo
minucioso cuidado na mera estripulia facial
não se convenceram críticos os críticos
beto bruel o cara que ilumina o ator por dentro
as Bagunças davam trabalho, mas não nos era penosa a convivência com as Bagunças

médios, médios-agudos, agudos, agudíssimos

Luiz Felipe Leprevost

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