Quantas pessoas cabem num Pessoa?
Quantos corações dentro de um só peito?
Quantas vidas numa vida?
Este Otto, por exemplo, que digita estes versos
não é o mesmo que logo mais dará aula de pré-modernismo.
Nem este é o mesmo que, de madrugada, debruçado à janela,
olhará a noite
e não compreenderá por que, numa única vida, há tantas
contas a pagar...
A solução talvez seja matar todos
e deixar só o poeta
com suas noites e seus versos.
Ou, melhor,
assassinar o poeta
e deixar os outros se lascarem de trabalho
para pagar suas contas
– sem noites nem poemas,
que afinal só atrapalham.
Otto Leopoldo Winck
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